segunda-feira

enfrentar a queda

a vida sem uma lágrima aqui e ali não fazia sentido algum.
porque chorar nos faz crescer, nos liberta.
porque chorar é sinónimo de angústia, de tristeza, de sentimentos retraídos, de vazio.
porque chorar é também sinónimo de alegria, de amizade, de alívio.

ontem li uma frase que tinha que transcrever aqui.
é de um livro pequeno, simples, cheio de imagens, repleto de ensinamentos, de palavras bonitas, de sonhos, de lições de vida.
o principezinho.
"quando nos deixamos prender, arriscamo-nos a chorar".

quando deixamos que a alegria nos invada por completo, quando deixamos que o amor preencha a nossa vida, quando somos vítimas da paixão... existe sempre um risco. como em tudo.
o risco de mais tarde ou mais cedo podermos bater com a cabeça no chão. podermos cair do alto voo que fizemos. podermos ser confrontadas com uma quebra, com um não, com um fim.

que fazer então?
evitar essa alegria, esse amor, essa paixão?
deixar de viver intensamente?
retrairmos os nossos sentimentos, as nossas vontades, os nossos olhares?

não consigo deixar de o fazer, ainda que inconscientemente.
por mais que me tente libertar destas amarras, ainda não consigo.
ainda aparecem aquelas cicatrizes a dizer-me "tem cuidado. ainda estás magoada. já te esqueceste?"
quando é que voltamos a ter asas? quando é que deixamos o passado onde ele pertence e nos atiramos de corpo e alma ao presente? a um presente onde o passado não pode contar...?
como?

como dizia a menina, tb eu sinto inveja daqueles que, apesar de também terem derramado lágrimas por se terem deixado prender tantas e tantas vezes, ainda acreditam no amor e ainda se entregam a ele de olhos fechados. aqueles que vivem o presente sem olhar para as cicatrizes. aqueles que caíram, mas voltaram a enfrentar a queda.

quando caímos de um cavalo, por exemplo. dizem-nos para voltarmos a montar, para cavalgarmos outra vez. logo. para nem pensarmos na queda. porque se ficarmos a pensar nela, o mais provavel é nunca mais sermos capazes de trepar para cima daquele animal robusto e sentirmos o vento no nosso corpo, o movimento do animal e de nós mesmos, aquela sensação de liberdade...

passa-se o mesmo com a vida, certamente. quando não enfrentamos as nossas quedas... voltar ao que nos fez cair torna-se bem mais complicado e doloroso.

mas agora surge a pergunta óbvia. como é que, quando não o enfrentámos logo, vamos voltar a trepar para o cavalo?
por que é que temos tanto receio de o fazer novamente?

2 razões

At 10:50 da tarde, Anonymous Anónimo disse...

hum... se eu soubesse responder-te... mas um dia teremos de ter essa coragem de novo!! e quanto mais depressa forem saradas as feridas melhor, minha amiga! um beijo.

 
At 5:45 da tarde, Anonymous Anónimo disse...

...Temos receio porque sabemos o quanto doi cá dentro, Sentir.

 

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