a lira de apolo
hoje, de manhã, no meu trajecto de 10 minutos entre casa e o emprego, como tantos outros dias, no meio da distração matinal, dei por mim a ouvir na tsf o sinais. sinais que hoje falou de uma teia invisível musical. fiquei a pensar naquilo... quantas vezes dou por mim a tocar no ar, a imaginar-me sentada ao piano mas sem piano, tocar as teclas suaves e firmes de marfim sem existência corpórea, sentir o som que elas não emitem, eriçar-me com o andamento e o sentimento da música. quantas vezes não tocamos para o ar... e se, dessas tantas vezes que nos sentimos bafejados pela música, ela realmente se ouvisse? como seria o mundo se, como se dizia no sinais, "alguém fosse apanhado (...) numa espécie de campo magnético musical, tal como Obelix caiu no caldeirão da poção mágica, e não pudesse evitar que cada gesto futuro correspondesse a uma nota, a um andamento, que cada gesto futuro resgatasse do ar um sopro de música."
hoje vou imaginar que cada gesto meu é uma nota, hoje vou ser uma música.
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